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CAPITAL REGISTRA ALTA NA OFERTA DE LOJAS E SALAS COMERCIAIS


Principais polos do comércio da Capital foram afetados pela crise.

Lojas, restaurantes, bares e lancherias de Porto Alegre que não estão fechados, operam com restrições. Em quase 150 dias sem funcionar a pleno, mesmo sem um levantamento preciso de quem encerrou atividades, é possível ver nas ruas que diversas empresas de varejo e de serviços sucumbiram, especialmente as que já enfrentavam dificuldades de caixa.

Muitos inquilinos renegociaram o valor dos aluguéis, mas outros tantos se viram forçados a desocupar os espaços. Como resultado, há um crescimento na oferta de imóveis para locação nos principais bairros comercias de Porto Alegre, tanto em lojas quanto em salas comerciais.

A alta no número de imóveis desocupados é registrada na comparação de junho com o mesmo mês do ano passado, e também quando são colocados lado a lado os meses de maio e junho deste ano, o que demonstra o aprofundamento da crise em meio à pandemia.

Somente no Centro Histórico da Capital, a oferta de lojas cresceu 16,4% entre maio e junho deste Karen Viscardi, especial para o JC Oferta de imóveis comerciais para aluguel, no Centro de Porto Alegre, cresceu 16,4% de maio para o mês de junho LUIZA PRADO/JC ano. De 841 unidades para locação em maio, o dado passou para 979 no sexto mês de 2020, aumentando a desocupação. Já o número de salas e conjuntos disponibilizados aumentou 1,3% no mesmo período, passando de 160 para 162.

Essa pequena elevação entre salas e conjuntos, que à primeira vista poderia sinalizar uma tendência positiva, de resiliência do setor, é resultado da baixa confiança em fechar negócios. “É inútil ofertar agora, muitos esperam por um momento melhor”, explica Moacyr Schukster, presidente do Sindicato Intermunicipal das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis e Condomínios Residenciais (Secovi-RS).

Antes da pandemia, a região central era a que estava em situação melhor dentro do panorama do comércio da cidade, avalia o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Porto Alegre, Irio Piva. Mas, hoje, é um dos locais mais impactados, até por ser um local de passagem entre a casa e o trabalho para boa parte da população. “Nesse momento, as pessoas estão preferindo comprar próximo de casa, e o Centro está sofrendo. E, mesmo que a transmissão do vírus desacelere, teremos pela frente um longo período em que as pessoas terão de se cuidar, mantendo a tendência de comprarem no entorno ou pela internet”, projeta Piva.

Rua da Praia, do glamour do passado ao desafio futuro

A configuração da Rua da Praia, que no ano de 1820 já tinha um comércio forte, e que foi elogiada pelo botânico francês Saint-Hilaire, mudou ao longo do tempo. Do final do século 20 ao início dos anos 2000, cafés, confeitarias, cinemas, restaurantes e lojas tradicionais, como Livraria do Globo, Masson e Casa Louro, começaram a dar espaço a pequenas operações, shoppings populares, farmácias e ambulantes.

“A Rua da Praia já foi um shopping a céu aberto. Hoje, se vê lojas de produtos populares, outras migraram para shoppings”, observa o presidente do Sindilojas Porto Alegre, Paulo Kruse.

Apesar da mudança de perfil, a oficialmente denominada Rua dos Andradas mantém parte da essência com a preservação de prédios históricos e centros culturais. “O Centro tem charme, com mix de produtos diversificado. O público vai voltar, mas depende da capacidade do setor público em oferecer segurança. Hoje, as lojas estão fechadas e as ruas tomadas por ambulantes. Quando a economia se recuperar, o Centro vai atender o público de classe média e baixa”, prevê Vilson Noer, fundador da Associação Gaúcha para o Desenvolvimento do Varejo (AGV) e conselheiro de entidades lojistas.

Placas de “Aluga-se” ganham a paisagem

A restrição de circulação de pessoas no Mercado Público de Porto Alegre é simbólica. Assim como o mais antigo mercado da Capital, a limitação de abertura é realidade para a quase totalidade das empresas de serviços e varejo.

No Centro, pessoas caminham apressadas entre camelôs, passando por vitrines com cortinas de ferro fechadas ou semiabertas, tapumes e placas de “Aluga-se”. Esse é o cenário do principal bairro comercial da cidade em um dia útil. Até há certo movimento, mas longe da normalidade de cinco meses atrás, em uma região que concentra grande parte dos prédios públicos, lojas e escritórios de serviços.

Às 10h da manhã de uma segunda-feira de julho, era possível caminhar pelo meio da Rua dos Andradas, onde circulam automóveis, sem receio de atropelamento.

Também o número de pedestres era reduzido no trajeto entre a rua Doutor Flores e a avenida Borges de Medeiros. Na Rua da Praia, imóveis, antes ocupados por lojas, exibiam placas de locação. “É muito triste. Em junho, caminhei por ruas do Centro, entre Andradas, Senhor dos Passos e Borges de Medeiros e me impressionei com a quantidade de lojas fechadas: contei 15”, relata Vilson Noer.

‘Ninguém vai alugar pra ficar fechado’

Uma lenta, mas aparentemente segura reação do mercado para aluguéis de salas e conjuntos comerciais mostrava que o setor de locações estava reagindo no começo deste ano após um período de crise econômica. Até cair “a bomba”, conforme descreve Moacyr Schukster, presidente do Secovi-RS.

De lá pra cá, a paralisação só não foi total porque seguem consultas e buscas de oportunidades, mas sem a efetivação de contratos em razão da falta de expectativa no curto prazo e pelo movimento de abre e fecha do comércio.

“As pessoas não estão desinteressadas, continuam se informando, mas não fecham negócio porque ninguém vai instalar loja para ficar fechada”, explica Schukster.

O impacto levou à renegociação de preços de locação e resultou, inclusive, na suspensão da pesquisa completa do mercado imobiliário, divulgada pelo sindicato. A mais recente é de fevereiro. Agora, o Secovi está reunindo informações com consistência estatística para divulgar nova sondagem.

Em resposta à solicitação do Jornal do Comércio, foi feito um levantamento da oferta de imóveis para locação dos bairros com mais amostras comerciais de Porto Alegre (página ao lado).

Enquanto a locação comercial está em compasso de espera, a compra e venda começa a ganhar fôlego. Como as aplicações estão rendendo menos, investidores começam a se voltar para os imóveis – que não aumentaram de preço de acordo com a inflação, aponta o presidente do Secovi-RS: “quem tem dinheiro, se volta para algo mais rentável e seguro”.

Fonte: Jornal do Comércio – 03/08/2020



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